sexta-feira, 18 de março de 2011

Economia domina citações ao Brasil em discursos de Obama


A economia, que deve ser o principal assunto da primeira visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil, a partir deste sábado (19), é também o tema mais constante nos discursos do presidente que mencionam o país desde que ele tomou posse, em 2009.

Uma busca no site da Casa Branca por “Brazil” encontra 193 documentos em que o norte-americano cita o país, entre os quais há comunicados, ofícios, nomeações e até notas sobre telefonemas trocados entre o Obama e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Destes, 36 são transcrições dos discursos de Obama que citam diretamente o Brasil.

Em 2009, das 14 vezes em que o presidente mencionou o país em discursos, a economia dava o contexto em 7 deles. Em 2010, das 18 vezes em que o Brasil foi citado por Obama, em 11 delas o presidente tratava do tema. Este ano, foram 4 discursos até esta quinta-feira (17) em que a palavra Brasil foi mencionada, três deles sobre economia.

Outros temas abordados pelo presidente ao citar o Brasil são os biocombustíveis e a busca por fontes de energia limpas, a preservação do meio ambiente, o terremoto no Haiti em 2010 (país no qual o Brasil chefia a missão da ONU), educação, tráfico de drogas, armas nucleares, a escolha do Rio como sede das Olimpíadas em 2016 e a própria vinda à América do Sul – anunciada pelo presidente durante o discurso do Estado da União, em 25 de janeiro.

‘O cara’
A transcrição dos discursos oficiais, no entanto, não incluem falas informais do presidente, como quando disse que o ex-presidente Lula era “o cara” e o “político mais popular do mundo" durante reunião de líderes do G20 em Londres, em abril de 2009.

Tampouco incluem o conteúdo das conversas telefônicas de Obama com o país, como a ligação que fez para parabenizar a presidente Dilma Rousseff, um dia após sua eleição. “O presidente Obama disse à presidente eleita Rousseff que ele espera se reunir com ela em breve, para trabalhar mais estreitamente em áreas como energia limpa, o crescimento global, a assistência à reconstrução do Haiti, os esforços de desenvolvimento colaborativo e outras questões de importância global", informou comunicado da Casa Branca.

Concorrência de emergentes
A maioria dos discursos de Obama que trataram de economia e Brasil se referiam, mais especificamente, à concorrência dos países emergentes -aí incluídos também Rússia, Índia e China (que integram a sigla Bric) – em meio ao abalo provocado pela maior crise econômica que atingiu o país desde 1929.

“(...) Eu não quero ver painéis solares, energia eólia e biodiesel criado em outros países. Eu não quero que a China, Alemanha e Brasil deem um salto sobre nós com as indústrias do futuro. Quero ver todas essas coisas aqui nos Estados Unidos da América, com trabalhadores americanos. E os investimentos que fizemos até agora devem criar 800 mil empregos até 2012 -800 mil empregos na indústria do futuro”, disse o presidente em um discurso para empresário em Atlanta, em agosto do ano passado.

Três dias depois, em Chicago, Obama repetiu o mesmo argumento. “Colocamos em prática um novo plano econômico, um plano que premia o trabalho duro, em vez de ganância; um plano que valoriza a responsabilidade em vez da imprudência, um plano que está focado em fazer a nossa classe média mais segura e nosso país mais competitivo a longo prazo, de modo que os empregos e as indústrias do futuro não sejam apenas encontrados na China, Índia ou Brasil, mas aqui.”

Comércio
Conhecido pelo carisma e eloquência dos discursos públicos que já levaram milhares de pessoas às ruas em Moscou, Cairo ou Praga, mesmo antes de sua posse, Obama deve priorizar “valores comuns entre brasileiros e americanos”, como “democracia e inclusão”, no seu primeiro discurso no Brasil, neste domingo (20) no Rio, disse a Casa Branca.

Nos bastidores, no entanto, a economia deve continuar a pautar a relação do presidente com o Brasil. Em 2010, os Estados Unidos perderam o posto de principal parceiro comercial brasileiro para a China e espera-se que esta visita de Obama possa destravar negócios em vários setores.


Fonte:G1

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